Como as imagens ópticas de gás beneficiam a economia de baixo carbono e os relatórios corporativos de ESG

As câmeras de imagens ópticas de gás são ferramentas versáteis, que promovem a eficiência das operações nas instalações e a cidadania corporativa responsável, por identificarem com rapidez os vazamentos de gás e confirmarem as emissões ventiladas, quantificando ambos com precisão.

Por Joshua Anhalt, GreenPath Energy e Craig O’Neill, FLIR Systems

Um cenário regulatório em desenvolvimento e uma atenção pública maior, voltada para a cidadania corporativa responsável, levaram a uma economia de baixo carbono que exige que as operadoras de petróleo e gás controlem com eficácia as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para permanecerem competitivas.

Na indústria de petróleo e gás, as métricas de mitigação de emissões corporativas são definidas no nível C, enquanto os detalhes críticos ligados à detecção e quantificação das emissões de GEE são encontrados no nível do solo. As câmeras de imagens ópticas de gás (OGI) se destacam na descoberta e identificação desses detalhes, que de outra forma poderiam passar despercebidos.

Aqui, examinamos a dinâmica das mudanças de uma economia de baixo carbono e discutimos como os produtores podem implementar as câmeras de OGI para combinarem lucratividade com responsabilidade ambiental.

Qual é a sua visão de ESG?

Governança ambiental, social e corporativa (ESG) é um termo relativamente novo, que descreve as operações corporativas responsáveis, impulsionadas por expectativas sociais, mercados e outros fatores.  Alguns exemplos são as empresas de doces que compram apenas chocolates éticos, ou as joalherias que comercializam apenas diamantes procedentes de regiões livres de conflitos.

As empresas podem realmente influenciar positivamente seus resultados financeiros operando de forma responsável. Os investidores se preocupam em evitar riscos e, se um produtor de petróleo e gás que contribui para as mudanças climáticas representar um risco para os negócios ou as relações públicas, é provável que os investidores sintam que o investimento pode não valer a pena no longo prazo.

Operadoras de petróleo e gás – que competem com energia solar, eólica e nuclear, além do carvão – devem convencer os investidores de que estão comprometidos com a ESG e serão bem-sucedidos numa economia de baixo carbono em que as emissões excedentes são tributadas, além de malvistas pelos cidadãos.

O metano é o tema central desta conversa. Um GEE conhecido por contribuir com um potencial de aquecimento global (GWP)[i] de 25, o metano também é 84 vezes mais potente do que o dióxido de carbono nas primeiras duas décadas após seu lançamento. Os produtores de petróleo e gás em jurisdições regulamentadas devem relatar suas emissões de metano, bem como demonstrar esforços para rastrear, gerenciar e limitar as fontes de emissão decorrentes de vazamentos e respiradouros.

Vazamentos são fontes de emissão indesejadas e não projetadas de gás proveniente de conexões roscadas, escotilhas, válvulas de alívio de pressão e equipamentos com defeito (por exemplo, aberturas e sistemas de recuperação de vapor). Os respiradouros são fontes de emissão projetadas, mas estão sendo eliminados aos poucos, da mesma forma que aconteceu com os carros sem cinto de segurança e o fumo em voos comerciais. Antes, o gás era liberado intencionalmente pelos respiradouros, fornecendo um modo de pressão para bombas, pneumáticos, válvulas de controle, etc., mas os órgãos reguladores, orientados por estudos científicos e demandas sociais, estabeleceram metas de vazamento zero e respiradouros em quantidades mínimas.

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O gás proveniente de vazamentos e respiradouros também são diferenciados pelos respectivos resultados, de acordo com a regulamentação/relatórios de ESG/monetização. Por exemplo, o vazamento de um flange e o respiradouro das vedações de um compressor geram resultados e rumos regulatórios distintos, mas são vistos igualmente no relatório de ESG – metano é metano, independentemente da fonte de liberação.  Além disso, embora os vazamentos sejam simples de gerenciar e reparar, eliminar o respiradouro geralmente requer investimento de capital: em ferramentas, talentos e equipamentos.  

Depois que uma organização descobriu e documentou todos os seus vazamentos e respiradouros, ela pode fazer um relatório de sua pegada de carbono. Diante dessas informações, as empresas têm uma série de opções para implementar soluções que minimizem seus gastos em dólares e permitam o maior retorno com a redução de emissões.

Por exemplo, uma empresa constata que um projeto de redução dos respiradouros de metano em uma de suas instalações custará cerca de US$ 7 por tonelada. No entanto, a empresa pode vender as emissões capturadas por US$ 12 a tonelada por meio dos mercados de compensação de carbono, obtendo um retorno sobre o investimento (ROI) de US$ 5 por tonelada no projeto, respaldando os relatórios de ESG e sendo uma cidadã corporativa ambientalmente mais responsável. 

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OGI, GHG, ESG e os resultados financeiros da sua empresa

Tradicionalmente, as empresas que fazem relatórios de GEE/ESG na área do metano se apoiam em inventários gerais, usando um fator de emissão modelado. Um fator de emissão afirma que, em teoria, uma determinada conexão roscada, flange ou outro componente da instalação emitirá uma quantidade X de gás.

Por exemplo, uma empresa pode identificar 500 conexões roscadas numa determinada instalação. Em seguida, essa conta seria multiplicada por um fator de emissão[ii] de 0,01 m3 por hora. O resultado é uma taxa de liberação de emissão teórica (neste cenário, 5 m3/hora ou 43.000 m3/ano) para a instalação.

Utilizavam-se os relatórios gerais no passado, porque a tecnologia para detectar e medir fontes de emissão específicas era limitada. A modelagem do fator de emissão estabelece “regras” para relatórios, mas essas regras são gerais. A avaliação da liberação é construída com base em suposições, o que a torna a forma menos precisa para um relatório de emissão, uma vez que os cálculos do fator de emissão presumem que tudo vaza, mas, na realidade, só há um grupo de fontes que vaza. Além disso, o relatório geral não informa aos operadores onde os vazamentos ocorrem de verdade, o que dificulta fazer os reparos e resolver o problema real, as emissões.

Assim, as câmeras de OGI surgiram como a ferramenta ideal – um instrumento de uso em solo para entender o que está acontecendo no nível da instalação: o que está vazando e o que está sendo liberado. Essas informações, um resultado da adoção de tecnologias como a OGI e de soluções quantitativas de última geração, permitem maior precisão nos relatórios de GEE/ESG.

Ferramentas de detecção e reparo de vazamentos (LDAR), como as câmeras de OGI, muitas vezes enfrentam uma resistência sem fundamento quanto à relação custo-benefício – em parte, ironicamente, por causa da sua eficácia geral. Nesse sentido, a OGI pode parecer sujeita à lei dos resultados decrescentes: quando um vazamento é descoberto, presume-se que ele será corrigido corretamente e que não emitirá gás novamente.

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Porém, na prática, os reparos e componentes podem falhar, e até mesmo os melhores inspetores podem não notar vazamentos ao examinarem milhares de componentes em várias instalações. Considere o Relatório anual LDAR (programa de detecção de vazamentos e reparos) de 2018 do Colorado, publicado no final de 2019. Apesar de diligentes relatórios e esforços para a mitigação de vazamentos pelo setor de petróleo e gás do estado, os dados de 2015 a 2018 indicam (após uma queda inicial em 2015) um número bastante consistente de vazamentos descobertos/relatados anualmente.

Assim, além de um ROI imediato e inicial, as câmeras de OGI agregam valor com o passar dos anos – até mesmo décadas – com a detecção de novos problemas e a quantificação das emissões, atendendo às necessidades dos produtores de petróleo e gás em uma economia de baixo carbono que exige o monitoramento de GEE.

A OGI também ajuda os produtores a determinarem onde melhor investir capital para obter a maior redução de emissões – decisões difíceis que podem afetar diretamente seus negócios. Considere os seguintes exemplos:

  • Digamos que sua empresa gaste US$ 2 milhões por ano para realizar uma campanha com câmeras de OGI: contratação de técnicos, compra de caminhões e câmeras, logística de movimentação, etc. E se esse esforço atrair US$ 15 milhões em investimentos de acionistas e partes interessadas, reconhecendo o esforço da empresa para preparar suas operações para o futuro? A OGI não é uma solução mágica, mas é um recurso inestimável na ampliação do conjunto de ferramentas da sua empresa.
  • Um inspetor regulamentar numa aeronave sobrevoa uma instalação e detecta emissões. A empresa pode enviar um técnico equipado com uma câmera de OGI para localizar o vazamento com rapidez e precisão, bem como determinar a quantidade de gás que está sendo emitida. A visita do técnico ao local é eficiente e suas descobertas são claras em relação ao componente que apresenta problemas.
  • A tributação do carbono produz a redução de respiradouros. Instalações no Canadá que relatam mais de 100.000 toneladas de CO2 equivalente pagam cerca de US$ 30/tonelada para cada tonelada acima de 100.000 (a taxa aumenta anualmente em incrementos de US$ 10 até chegar a US$ 50 em 2022). As empresas que optam por investir em seus próprios projetos para a correção das emissões aceitam o custo de capital de curto prazo para trazer determinada instalação de volta para abaixo do limite de 100.000 toneladas, o que vai gerar uma economia no longo prazo.

Assim que os vazamentos são descobertos e os respiradouros são confirmados usando uma OGI, os produtores de petróleo e gás têm várias opções para eliminar essas fontes de emissão. Por exemplo, pneumáticos com mau funcionamento e/ou alto escape, bem como bombas que liberam gás metano combustível, podem ser substituídos por ar de instrumento limpo ou adaptados/substituídos para serem alimentados por eletricidade. Fontes de exaustão, incluindo vedações de compressor, respiradouros de tanque e petróleo bruto podem ser aliviadas usando sistemas de captura de gás de exaustão, que podem usar o gás recebido para complementar os consumidores de gás combustível no local (por exemplo, equipamento de aquecimento) ou usar a energia para gerar subprodutos úteis (por exemplo, a geração de eletricidade).

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Conclusões

A OGI provou ser uma ferramenta eficaz que posiciona as operadoras de petróleo e gás para um melhor desempenho na economia de baixo carbono, detectando vazamentos com precisão e identificando componentes com defeito, contribuindo para a eficiência operacional de uma instalação.

Mesmo com o recrudescimento/afrouxamento das regulamentações ambientais federais (ou seja, decisões em questões ambientais implementadas por uma administração nos EUA, que poderão ser revertidas durante a administração seguinte), existem outros órgãos que atuam expondo cidadãos corporativos irresponsáveis.

Por exemplo, o Fundo de Defesa Ambiental (EDF) planeja lançar um satélite de detecção de emissões em 2022, além de suas aeronaves de asa fixa que inspecionam domínios públicos em baixa altitude. Em muitos casos, as descobertas dessas autoridades estão publicamente disponíveis online, como este mapa da Bacia de Permian e suas respectivas emissões de metano.  Embora essa tecnologia possa ser eficaz para destacar grandes fontes de emissão, ela enfrenta os mesmos desafios que a abordagem de registro geral para localizar as verdadeiras fontes de vazamento.

As empresas que adotam a minimização de vazamentos e a eliminação de respiradouros devem reconhecer que o esforço é um investimento de longo prazo que requer uma abordagem com várias ferramentas e participação ativa. Com o tempo, novas instalações são atualizadas, poços mais antigos são cobertos e novos locais aparecem aprimorados com energia solar e elétrica, nos quais se observa baixa intensidade de carbono.

A aplicação da regulamentação restringiu cada vez mais as emissões que os produtores de petróleo e gás podem liberar, mas a opinião da indústria se tornou uma força motriz que impulsiona ainda mais esse objetivo. Em vez de terem a mentalidade de “nós contra as reguladoras”, os produtores cada vez mais enxergam a sua responsabilidade corporativa pelos olhos de “todos nós”.

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Assim é, que um grupo de 62 empresas de petróleo e gás (principalmente europeias) concordou recentemente em relatar suas emissões de metano a uma associação vinculada às Nações Unidas como parte da parceria de petróleo e gás metano (Oil & Gas Methane Partnership – OGMP) lançada em 2014. O acordo também estabelece metas ambiciosas para a emissão de metano: Redução de 45% em relação aos níveis de 2015 até 2025 e redução de 60% até 2030. Ou, no lugar da meta de 2030, as empresas podem se esforçar para obter intensidade de emissão quase zero durante a produção upstream.[iii]

Opiniões sobre fontes de energia ideais no futuro podem continuar a ser debatidas, mas agora os produtores podem trabalhar juntos para um futuro mais brilhante, e a OGI é um instrumento eficaz para ajudar a entregar esse futuro. Ela permite que as empresas de petróleo e gás promovam um ar mais limpo, uma infraestrutura mais enxuta e melhores eficiências.

Sobre os autores

Joshua Anhalt é o fundador e presidente da GreenPath Energy, Ltd. Especialista em emissões de metano do petróleo e do gás, com mais de 20 anos no setor de energia de petróleo e gás natural, Joshua tem formação técnica em instrumentação pelo programa Red Seal e ampla experiência na detecção e medição de emissões de metano, regulamentação, mitigação e desenvolvimento de negócios.

Craig R O'Neill trabalhou para a FLIR por mais de 17 anos e participa ativamente do mercado de OGI desde o lançamento dos geradores de imagens ópticas de gás comerciais em junho de 2005. Atualmente, ele é o responsável global pela linha de negócios de imagens ópticas de gás e pela estratégia das soluções da FLIR na indústria de petróleo e gás. Nessa função, ele é o elemento de ligação entre clientes, partes interessadas da indústria, parceiros estratégicos e muitos aspectos verticalmente integrados da Divisão FLIR Instruments, incluindo vendas, marketing, engenharia e gerenciamento de produtos. O objetivo dele é garantir o alinhamento da FLIR para fornecer soluções de detecção que atendam às necessidades da indústria de petróleo e gás.

Sobre a GreenPath Energy Ltd.

Fundada em 2007 e sediada em Calgary, Alberta (Canadá), a GreenPath é especializada em soluções para detecção, medição, redução, geração de relatórios e eliminação de emissões para a indústria de petróleo e gás. Isso inclui a coleta dos registros de equipamentos, o uso de imagens ópticas de gás (OGI) para detecção e reparo de vazamentos (LDAR) e de tecnologias alternativas de detecção e quantificação de emissões de metano e o desenvolvimento de projetos para a redução de emissões. Nosso conhecimento técnico e experiência diversificada em emissões de metano garantem que forneçamos aos clientes soluções que permitam o uso eficiente do capital, enquanto ainda estamos alcançando reduções de emissões significativas e conformidade regulatória. Para obter mais informações, acesse: www.greenpathenergy.com.

Sobre a FLIR Systems, Inc.

Fundada em 1978 e com sede em Wilsonville, Oregon – EUA, a FLIR Systems é fabricante líder mundial de sistemas sensores que aumentam a percepção e elevam a conscientização, ajudando a salvar vidas, melhorar a produtividade e proteger o meio ambiente. Por meio de seus quase 3.500 funcionários, a visão da FLIR é ser “The World’s Sixth Sense” (“o sexto sentido do mundo” em inglês), aproveitando as tecnologias de imagens térmicas e adjacentes para fornecer soluções inovadoras e inteligentes para a segurança e vigilância, monitoramento de condições ambientais, recreação ao ar livre, visão de máquina, navegação e detecção avançada de ameaças. Para obter mais informações, acesse www.flir.com e siga @flir no Twitter.

 

[i] O potencial de aquecimento global de um GEE (gás de efeito estufa) indica a quantidade de aquecimento que um gás causa durante um determinado período de tempo (normalmente 100 anos). O GWP é um índice no qual o CO2 tem o valor de 1. Assim, 1 kg de metano causa 25 vezes mais aquecimento em um período de 100 anos em comparação com 1 kg de CO2.

[ii] Multiplicador criado apenas para este exemplo. Os fatores de emissão reais variam por instalação, equipamento, etc.

[iii] Frazin, Rachel. “Dozens of Oil and Gas Companies Agree to Methane Reduction Targets” (“Dezenas de empresas de petróleo e gás concordam com metas de redução de metano”). The Hill, 23 Nov. 2020, thehill.com/policy/energy-environment/527234-dozens-of-oil-and-gas-companies-agree-to-methane-reduction-targets

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